terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Terapia da Mão no tratamento da Síndrome da Dor Complexa Regional (SDRC)

Terapia da mão é a ciência e a arte da reabilitação do membro superior. É área de especialização de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que se dedicam ao estudo da anatomia, cinesiologia e biomecânica dos membros superiores, bem como no emprego de técnicas especificas para o tratamento desta parte do corpo. Os membros superiores são a principal ferramenta do "fazer humano", são empregados em praticamente todas as Atividades de Vida Diária (AVD) portanto patologias que o acometam podem limitar grandemente o desempenho destas atividades.
A SDRC causa alterações motoras, tróficas e sensoriais que alteram o desempenho das AVDs e exigem uma atuação de reabilitação precoce e bem estruturada. A terapia da mão visa restaurar as funções perdidas, como a amplitude de movimento, a força e a destreza manual para que o paciente possa ser  mais independente possível.

  • Tratamento do edema


O edema no princípio é macio, mas com o passar do tempo se torna duro, impede a excursão tendinosa, causa fibrose tecidual e limita o arco de movimento normal. O tratamento do edema deve ter inicio agressivo para impedir as limitações futuras. e tem como bases:
  • Elevação do membro superior acima do nível do coração;
  • Enfaixamento compressivo;
  • Uso de recursos eletroterapêuticos;
  • Banhos de contraste;
  • Massagem retrógrada ou drenagem linfática.


  • Tratamento da diminuição da ADM


A limitação da ADM ocorre por conta da fibrose dos tecidos articulares ou perirticulares devido ao edema e a falta de função manual por conta da dor. O seu tratamento envolve:
  • Exercícios atives livres;
  • Alongamento muscular;
  • Mobilização articular.
  • Órteses.

  • Atrofia Muscular

Pode ser tratada com:
  • Exercícios isométricos em ângulos variados;
  • Exercícios resistidos;
  • Correntes de estimulação elétrica.

  • Tratamento da dor
A dor é intensa e muito acima do esperado para a lesão que o paciente sofreu, o caráter desproporcional da dor exige que o terapeuta possua uma visão compreensiva perante o paciente. A dor pode ser tratada com o TENS. A crioterapia tem mostrado bons resultados, mas geralmente esses pacientes são hiperativos ao gelo, e essa conduta deve ser usada com cautela. A dor é maior em membros sem função, porque a movimentação ativa cria aferências cinestésicas e proprioceptivas que por meio do mecanismo da teoria das comportas diminui a dor. Portanto uso do membro superior acometido deve ser estimulada durante as AVDs por meio de adaptações, como engrossadores.

  • Atividades terapêuticas
As atividades terapêuticas tem por finalidade estimular o retorno da função manual, estimular o suo funcional dos membros superiores, ganhar força muscular, aumentar a ADM, dessensibilizar áreas da mão, entre outros objetivos. As atividades devem ser planejadas para que sejam estimulantes, mas que nunca possam ser impossíveis de realizar. Devem ser planejadas individualmente e devem ter uma finalidade terapêutica clara.



Bibliografia

  1. BOSCHEINEN-MORRIN, Judith. A mão: bases da terapia. 2 ed São Paulo: Manole, 2002. ISBN 8520412726
  2. PRENTICE, William E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em competências. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. xi, 879 p. ISBN 9788580550771
  3. REABILITAÇÃO da mão. São Paulo: Atheneu, 2005. 578 p. ISBN 8573797118
  4. Sociedade brasileira de Terapia da Mão e do Membro Superior. http: <http://www.sbtm.org.br/> Acesso em 16/11/2014.



domingo, 27 de julho de 2014

Síndrome da Dor Complexa Regional

A Síndrome da Dor Complexa Regional (SDCR) foi definida por Schutzer e Glossing como sendo uma resposta exagerada para a lesão de um membro, caracterizada por dor intensa e prolongada, distúrbios vasomotores, atraso na recuperação funcional e alterações tróficas dos tecidos vizinhos como a pele, pelos e dedos¹.
Existem dois tipos de SDRC:
  • Tipo I: Não está relacionada a lesão de um nervo, e a dor não acompanha a distribuição anatômica de um nervo periférico;
  • Tipo II: Embora tenha muitos sinais e sintomas em comum com o tipo I está relacionada a lesão de um nervo.
Embora a síndrome possa ocorrer em qualquer membro, a resposta ao tratamento é menor nos membros inferiores, o que levantou a questão de que talvez a entidade etiológica seja distinta nos membros inferiores¹.

SDRC em Membro Inferior

SRDC em Membro Superior com acometimento maior na mão

Normalmente a Síndrome acomete a região mais distal do membro tanto inferior quanto superior, ou seja as mãos e os pés, embora a SDRC que acometa apenas o joelho seja comum. O início pode ser insidioso após a fratura de um osso, no caso do membro superior principalmente do rádio, que pode levar a lesão de fibras do nervo mediano, ou após um procedimento cirúrgico como a artroscopia do joelho.
Existe uma controvérsia considerável se certos tipos de personalidade podem ser mais propensos ao desenvolvimento da SDRC como pessoas muito ansiosas, deprimidas e ou dependendes². De qualquer forma sabe-se que a dor é um fenômeno complexo que está associado a fenômenos físicos, emocionais e comportamentais, o quê talvez corrobore com a idéia de que pessoas mais depressivas sintam mais dor. A dor acima do normal que está presente na síndrome normalmente é incompreendida por médicos e fisioterapeutas.

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas na maioria dos casos começam logo após a fratura, mas podem levar algumas semanas para se tornarem aparentes em alguns casos. Eles podem variar de paciente para paciente, mas normalmente são:
  • Dor exagerada e muito acima do normal em resposta a estímulos que normalmente não causem dor, como o toque leve;
  • Intolerância a estímulos sensoriais, como o toque do tecido da roupa e normalmente, grande aversão ao frio;
  • Edema que no início é macio, mas que com o passar do tempo se torna duro e impede, ou limita a amplitude de movimento normal;
  • Rigidez articular;
  • Alterações vasomotoras e pseudomotoras: pele muito quente e vermelha, ou fria e cianótica, pele brilhosa, seca e fina, alterações no crescimento e diâmetro dos pelos, tremor e distonia;
  • Osteoporose;

Diagnóstico da doença (Diagnóstico clínico ou médico)


O diagnóstico e normalmente clínico ao se observar os sinais e sintomas, e ao se excluir outras hipoteses diagnósticas, entretanto alguns exames podem ser usados pelo médico, tais como:

  • Radiografias;
  • Termografia;
  • Cintilografia óssea;
  • Eletromiografia de condução nervosa;
  • Tomografia.
Cabe ressaltar que a maioria dos médicos brasileiros não estão preparados para realizar o diagnóstico da síndrome e portanto se você conhece alguém que esteja sentindo pelo menos três desses sintomas uma conversa com um Ortopedista ou Fisiatra deva ser considerada. O tratamento inclui medicamentos, fisioterapia e em alguns casos acompanhamento psicológico. A Fisioterapia deve ser indicada em TODOS os casos de SRDC, em um próximo post tratarei do tratamento do fisioterapêutico. Cabe ressaltar que esse post é apenas informativo, não é consultório médico, nem farmácia. Sempre converse com seu médico caso esteja sentindo esses sintomas.

Bibliografia

  1. DOWD, G.S. E. et l. Complex regional pain syndrome with special emphasis on the knee. The Journal of Bone and Joint Surgery. VOL. 89-B, No. 3, MARCH 2007.
  2. BOSCHEINEN - MORRIN, Judith; DAVEY, Victoria; CONOLLY, Bruce. The Hand: Fundamentals of Therapy 2nd Edition. Reed Educational and Professional Publishing Ltd (1992).

Esclerose Lateral Amiotrófica

Principais sinais da Esclerose Lateral Amiotrófica encontrados por fisioterapeutas e suas respectivas áreas de degeneração.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pais e professores de crianças especiais, vocês sabem o que é o processo de integração sensorial e suas principais alterações?


O modo com o qual percebemos o mundo é um processo complexo, que ocorre devido à possibilidade que temos de identificar estímulos e responder corretamente a eles. Um estímulo é identificado através de um sistema de percepção que o  codifica através de um potencial de ação, que será enviado ao cérebro, onde será descodificado e compreendido criando assim uma resposta adaptativa a este estímulo inicial. O processo de descodificação do estímulo é chamada Integração Sensorial. A interpretação destes estímulos é o que nos faz sentir calor, frio, dor, ouvir sons, sentir o toque do outro, etc.
Quando há um erro na descodificação deste estímulo pelo cérebro ocorre o que é chamado de Disfunção da Integração Sensorial, ou seja, o cérebro cria uma reação hiper ou hiporeativa ao estímulo inicial. Isso quer dizer que a criança responde de uma forma inesperada a um estímulo corriqueiro.
Crianças que apresentam este tipo de disfunção podem apresentar sintomas como:
- Dificuldades de aprendizagem;
- Problemas da aquisição de movimentos;
- Disfunção de coordenação motora;
- Não responder a estímulos dolorosos;
- Pouca ou muita sensibilidade ao toque, ao movimento, aos sons e gostos;
- Excesso de atividade ou lentidão;
- Atraso na fala;
- Baixo rendimento escolar;

Muitas vezes a dificuldade na integração sensorial pode ser confundida com birra, como quando, por exemplo, a criança não gosta de ser tocada, é muito sensível a sons altos, reage a presença de etiqueta nas roupas como se estivessem sentindo dor, etc... Cabe ressaltar que muito embora esse tipo de disfunção seja muito comum no Autismo, qualquer criança pode desenvolvê-la. Quando se suspeita da Disfunção de Integração sensorial um terapeuta deve ser consultado, a fim de que a criança seja avaliada, e inicie a Terapia de Integração Sensorial.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

"Letra de Mão"

A escrita é um processo motor dependente de habilidades manuais pré existentes. Portanto aprender a escrever não é um processo homogêneo, ele é um processo com diversas fases que vão desde atividades que visem o ganho de coordenação motora fina até exercícios que visem a graduação de força e de controle olho-mão. Diversos fatores podem interferir no processo de desenvolvimento da escrita, e comumente a letra “feia” é um problema na vida de pais e crianças. Normalmente a letra pode ser melhorada quando a coordenação motora da mão dominante é boa, por isso seguem-se abaixo atividades que podem ajudar a desenvolver a coordenação fina e a melhorar a letra das crianças:





Vale ressaltar que as atividades são brincadeiras, e realmente a intenção é que a criança aprenda brincando. Essas atividades também podem ser empregadas na fase pré-escolar, onde a criança tem o primeiro contato com o lápis e o caderno. Caso seu filho esteja com problemas na aquisição da escrita um Terapeuta Ocupacional pode, e deve ser consultada.